quarta-feira, 3 de junho de 2009

O Peregrino - Levo uma coisa... Algo indescritível!

Preciso me apropriar da poesia de Carlos e desapropriá-la de tudo que ele quis para expressar a visão que tenho de um João chamado John Bunyan.
Leia comigo parte do poema Carrego Comigo:

Sou um homem livre
mas levo uma coisa.

Não sei o que seja.
Eu não a escolhi.
Jamais a fitei.
Mas levo uma coisa.

Não estou vazio,
não estou sozinho,
pois anda comigo
algo indescritível.

Carlos Drummond de Andrade

John Bunyan era um João, não direi um joão ninguém porque seria um ignorante engano, mas um João comum, como tantos "joões", com uma história nascida simples.
João, trabalhava com o pai, ferreiro da vila de Tarish Tinker, no interior da Inglaterra.
Com 16 anos alistou-se no exército e foi à guerra, saiu aos 19, aos 20 casou-se com Mary, aos 26 enviuvou, aos 31 anos casou-se com Elizabeth, já morando em Bedford, tornou a enviuvar.
Ele era alto, tinha cabelos ruivos, um nariz proeminente, uma boca bastante grande e olhos brilhantes.
Ele tinha uma coisa.
Eu sei o que João levava: fé, e não havia sido escolha dele e sim de Deus a fé vigorosa que carregava.
Aos 25 anos é batizado na fé cristã, e João era livre para viver sua fé como quisesse!
Aos 27 anos começa a pregar e contraria muitos pregadores ilustres, conseguindo provocar discussões históricas.
Ele escolheu alcançar o alvo da fé trilhando o caminho mais difícil!
Aos 30 anos foi processado por pregar sem licença, todos os pregadores tinham que ser licenciados, pois pregavam contra a fé do rei da Inglaterra!
Era simples: pregava, era preso por no máximo três meses (sem direitos humanos!), prometia não pregar mais e era liberado.
Quando perguntado se pararia de pregar quase posso ver nos olhos de nosso João como resposta uma versão inglesa do “não estou vazio, não estou sozinho, pois anda comigo algo indescritível” de Drummond, ou um “não sou eu mais quem vive, mas Cristo vive em mim” do apóstolo Paulo.
John Bunyan trocou três meses de prisão por 12 anos!
Por 12 anos em que foi inquirido mês a mês se pararia de pregar para ter liberdade, disse não por trazer algo indescritível dentro de si!
Algo que não o deixou vazio ou sozinho nos 4.380 dias de prisão!
Mas por fim foi libertado.
E o que ele fez pouco tempo depois?
Foi pregar numa prisão e foi preso por mais 6 meses. Só foi liberto porque as pessoas leram o livro que escreveu quando estava preso!
Sua prisão foi resultado não do que pregava, mas por ter vivido o que pregava!
Sua liberdade foi resultado da Inglaterra ter admirado o homem que fez a livro.
Quais foram as dificuldades, João?
Onde estão seus inimigos, João?
Quem era o Rei da Inglaterra, João?
São pedras esquecidas em quase 400 anos de história!
Mas o filho do ferreiro da vila é autor do livro mais lido e traduzido do mundo, depois da Bíblia. Hoje há mais de 5.000 referências em sites de busca na Internet com o seu nome!
O simples João, John Bunyan, não pode ser esquecido porque carregava algo dentro de si!
O algo indescritível que ele carregava em si foi descrito no livro O Peregrino:

Não desistir nunca do que é mais importante, não perder de vista o valor real do seu prêmio, não tirar os olhos do alvo.

O simples João, John Bunyan, não pode ser esquecido porque carregava algo dentro de si: a persistência necessária para não desistir do que acreditava!
O que você carrega dentro de você?
Participe na enquete ao lado!

Professora Eliete Duarte Ribeiro Mozer
Língua Portuguesa e Literatura

Nenhum comentário:

Postar um comentário